quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Palavra


 O que me resta é escrever, pois não há mais nada no mundo que me encante ou me dê prazer como a palavra.
 As palavras mudam vidas, constroem impérios, carregam o mistério da verdade. Revelam segredos, trazem a tona sentimentos, destroem o que é indestrutível.
 A simples palavra age por caminhos indecifráveis, libertam e aprisionam a alma, enganam e esclarecem. A palavra é tão paradoxal quanto a própria vida, o próprio sentimento, o próprio conhecimento do eu que nao sabe quem sou eu.
 A palavra é a escultura mais perfeita, que pode ser vista de variadas formas, dependendo do olhar de quem admira o quadro. A palavra muda dependendo do tom de quem a canta, por isso é tão vulnerável, bela, decidida e profunda.
 A palavra leva à reflexão, à contestação, à busca pela essência e pelo essencial. Atravessa os séculos, imortal e indolente, displicente e inconsequente, banalizando e concretizando ritos, mitos, criando vertentes.
 A palavra é palavra por si só, comungando todas as fontes de significado. Ela se escolhe, ela se encaixa, se entrelaça, se esconde e se mostra, gerando dúvidas, deixando claro idéias, confrotando-se.
 A escrita foi o resultado da procura do ser pelo próprio ser, e a falta de respostas resultou na arte, que em si já é a resposta para todas as angústias por ser a mistura perfeita de dor e prazer com uma pitada de sonho e a fiel esperança de explicar o inexplicável.

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