Tento me entender, tento me explicar. É inútil. Ouvi vários adjetivos, várias definições, nada se encaixa em mim, nenhuma transparece o que sou.
Talvez porque eu seja apenas a inconstância que se alimenta do seu próprio sofrimento e solidão, que tem sede dos seus medos, medo dos seus vícios e é viciada nas suas mudanças.
Talvez porque eu goste dos meus risos misturados às minhas lágrimas, talvez porque eu goste dos opostos, ou porque eu venere o que o mundo tem de pior.
Ou talvez não seja nada disso. Ou talvez o nada seja tudo o que eu sou. Ou talvez eu não seja nada.
Talvez seja tudo ilusão. O mundo seja ilusão. Eu seja ilusão.
Talvez nada precise ser entendido ou explicado, porque tudo é a mistura de tudo mesmo refletindo apenas algumas faces. Ou nem isso.
Talvez eu devesse parar de pensar e devesse aceitar as coisas como são só por serem e nada mais. Porque talvez não exista nada profundo, nada especial.
Talvez seja simplismente assim, nascer, crescer e morrer e eu deva assumir minhas obrigações como filha e cidadã, futura esposa, futura mãe, futura trabalhadora, e apenas tentar me tornar uma brasileira de bem respeitável.
Não, alguém me disse que a frase "estou aqui para somar" não é meu perfil. Talvez eu continue eternamente essa batalha com os meus demônios. De qualquer forma não me vejo discutindo sobre o aumento do preço do açucar, nem acompanhando todos os jornais pra saber se descobriram mais algo sobre o último assassinato.
De qualquer forma não me vejo com uma carreira estável, uma casa, um carro, um marido mais ou menos e alguns filhos para educar.
Não me vejo representando o papel de mulher feliz na ceia de Natal.
Não sei para o que nasci, nem se nasci para alguma coisa. A única coisa que eu sei é que eu não quero aquilo que chamam de uma vida estável normal (com direito à viagem à praia uma vez por ano).
Por enquanto só quero o vento, a noite e a poesia. Um pouco de álcool para alegrar minhas entranhas e, permeando a minha solidão, algumas visitas.
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