domingo, 26 de maio de 2013

ESCONDAM-SE!

Escondam-se animais!
usem suas peles e sorrisos.
Escondam-se!
E acreditem que possuem brio.
Escondam-se animais!
E neguem seus próprios desejos,
A loucura que os fazem arder por inteiro,
Reprimam o fogo que vos consomem.
Escondam-se!
 
Enquanto me rasgo e me defloro
Me corrompo e me embriago
Cuspo e escarro na tua honra
Que desonra a essência da espécie
Que esquece
Que a vida é apenas o aqui e o agora.
 
 
 
 

....

Mudo quando falo de ti
É o que dizem
Nunca percebi

Em devaneios errantes
Vejo teu rosto
Clamo teu nome

Sua voz...
A quanto não ouço
A quanto não me acalmo
A quanto apenas me disperso
E nada, nada mais

Mas, quais seriam as perspectivas de retorno
Nunca tocarei teu rosto
Nunca olharei no teu olho
Nunca beijarei teu corpo
Nunca, eu e você, seremos nós...


 

E se...





Eu não sei o que pensar sobre,
mas e se...
 Eu não posso acreditar em você,
mas e se...
 Eu não sei se o que falas é verdadeiro ou ensaiado,
mas e se...
Eu não quero mais,
mas e se...
 Eu não penso mais,
mas e se...
Eu não acredito,
mas e se...
 Eu te quero longe,
mas e se...
 Eu não te conheço,
mas e se...
 Eu não gosto de "se's",
mas e se...

Apenas um diálogo.




- Garçom! Uma dose de cicuta, por favor.

- Pois não. Alguma ocasião especial?

- Nada em especial. Apenas o cansaço de ver tantos corpos cheios de mentes vazias, tantas noites sozinho mesmo rodeado de pessoas. Cansaço das intrigas e das calúnias, da desvalorização do ser, da perdição do acaso. O nada que está consumindo tudo e todos. A dor.
- O habitual, afinal, os seres humanos não nada mais que animais que sobrevivem comendo, bebendo, matando e copulando.
- Exato, poucos são os indivíduos dotados de um pouco de cognição. Raras variações da espécie.
- Com gelo ou sem gele, senhor
- Apenas uma pedrinha, por favor. Obrigado.




 


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

De repente



  E de repente o tempo parou de passar, meus sentidos se entorpeceram, e era só eu e o vento, perdidos. Não estávamos jogados e muito menos tínhamos encontrado algum abrigo.
 Era só o tempo que tinha parado, assim, sem aviso. Passado, presente e futuro, estagnados no mesmo instante. Era só o coração que martelava novamente, totalmente fora de mim.
 E de repente eram memórias que voltavam a me assombrar, era a pele que queimava e o ar que sufocava e o tremor que me consumia.
 Era só a memória do que tinha sido e do que não fora. E o cheiro de bolo de fubá com queijo e erva doce, que se expandia através da música e calidamente reconfortava.
 E de repente a pulsação era mais forte que o vento, mais veloz que o tempo, mais assombrosa que a memória.
 E é que de repente era vida, a cada segundo consumida, sem rumo, inconsequente, displicente, vida.
 Era só vida...
 Era só vida...