terça-feira, 22 de março de 2011

É assim...







  Morro porque a morte também é vida, porque a amargura se torna doce, porque a eternidade é uma ilusão, porque a tristeza é pura e inocente, porque a verdade é fatal.
 O sangue corre pelas entranhas e escorre vermelho-rubro pelos pulsos, a lágrima é o riso da desesperança, é a compaixão estremecida da realidade alheia. É o fundo do poço, mas ainda cavo.
 Porque não há como reerguer, como cristal que não cola, como viver é violar outras vidas, como a calma é a letargia da solidao. A visão que vê o ser, o sofrer e a depressão, a escuridão da alma suja, a água podre que se dá aos que tem sede.
 É a mentira, porque tudo não passa de uma mentira. A grande mentira da busca que se perde por não haver perfeição. É a imundice do corpo nu e dos olhos vendados, alarmados, cantando a verdade, explodindo de vontade.
 O desejo cru. O beijo selvagem. O gosto. A tentação. A respiração. O coração sem ritmo, à beira do abismo, pronto para pular. Se esquiva, salta, dança, gaba da própria má sorte. Forte. E inócuo. Profundo porque é vazio. Arisco. Condenado à morte.
 Morro. Porque não vivo. Por não querer saber como seria se não fosse...

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