quinta-feira, 29 de novembro de 2012

De repente



  E de repente o tempo parou de passar, meus sentidos se entorpeceram, e era só eu e o vento, perdidos. Não estávamos jogados e muito menos tínhamos encontrado algum abrigo.
 Era só o tempo que tinha parado, assim, sem aviso. Passado, presente e futuro, estagnados no mesmo instante. Era só o coração que martelava novamente, totalmente fora de mim.
 E de repente eram memórias que voltavam a me assombrar, era a pele que queimava e o ar que sufocava e o tremor que me consumia.
 Era só a memória do que tinha sido e do que não fora. E o cheiro de bolo de fubá com queijo e erva doce, que se expandia através da música e calidamente reconfortava.
 E de repente a pulsação era mais forte que o vento, mais veloz que o tempo, mais assombrosa que a memória.
 E é que de repente era vida, a cada segundo consumida, sem rumo, inconsequente, displicente, vida.
 Era só vida...
 Era só vida...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mistério

 O mistério dos sentimentos que trazem a tona minhas lágrimas, o mistério do teu olhar nublado e calado, o mistério da calma da tua voz, o mistério do teu cheiro de mar e travesseiro, o mistério dos sons das batidas no teu peito, o mistério...o mistério de você.
 E quando dizes que existem outros a desvendar, além da luz que transborda do teu olhar, acredto nisso e tento. Procuro em todos os lugares, converso com todos os olhares, descubro todos os detalhes.
 Mas, mesmo encontrando todos os adjetivos em todos os lábios, nenhuma boca é capaz de dizer algo tão sincero e verdadeiro quanto o teu silêncio.

À Nós

 
"O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio."
- Saramago 


 Sondamos o mistério
 nos encantamos com pequenas coisas,
 choramos por menores ainda...

 Sentimos com vergonha
 nos divertimos de forma insolente,
 chegamos sempre ao limite...

 Nos enxergamos em nossos erros
 suportamos nossas falhas,
 nos reconciliamos com as nossas consequências...

 Sorrimos das nossas bobagens
 inventamos ilusões,
 nos damos choques de realidade...

 Vivemos. Sonhando, vivemos.
 Com o cotidiano de João e Maria,
 Dormimos embalados por Chico.