O coração acelera e começa como um misto de angústia e tristeza. Já não como direito, não durmo, e entre um cigarro e outro o coração aperta.
É como se uma mão esmagace-o, é forte, dói. A cada batida parece que se romperá, e chego a pedir por isso para que acabe logo. Mas o coração não arrebenta, aguenta, e então começa a ardência.
É puro ácido que corre nas veias, puro ácido. Corrói, se alastra pelo corpo todo que se comprime, as lágrimas descem, o grito sobe à garganta, mas não sai, fica engasgado, envolto no sal lacrimal.
O corpo range e voltar à posição fetal não reconstitui a sensação de proteção que perdi ao nascer. Ácido e lágrimas. O aperto. Contrações e gritos surdos.
Nada faz com que isso passe, nada faz que com que a dor acabe. Me desgasta, me consome e depois caio em um estado letárgico, vazio, como se tivessem arrancado tudo de mim. Depois de um breve momento, recomeça, volta o aperto do meu coração.
Se a vida se torna uma doença, não seria o veneno o melhor remédio?
O remédio e o veneno se confundem, os dois são um só: a dor que sinto, todo o tempo, e a única solução é deixar o tempo levá-la.